João da Cruz

        Sua vida foi marcada pela estrema pobreza. ”Pobreza que primeiro o abraçou e que depois fora por ele abraçado como valor no qual achou um grande tesouro”. Na pobreza encontrou a porta para suas grandes experiências no caminho de Deus. Através dela que compreendemos a "noite", a "negação", o "nada' presentes em seus escritos. Experimentou concretamente a ausência de tudo o que o coração humano deseja (bens, afetos, consolações) e nesta ausência encontrou Deus, o Tudo, diante do qual todas as coisas são nada. Assim, a experiência da pobreza molda profundamente o seu espírito.

        Entrou ao carmelo ainda sendo jovem, no entanto, descontente com a vivência autêntica do Evangelho no Carmelo, decidido está em  ir para a Cartuxa. Neste tempo, encontra-se com Teresa de Jesus, a qual lhe garante tal autenticidade e vivência do Evangelho no Carmelo.  Para tanto, fala de seus anseios da reforma já em andamento assim como o convida a ajudá-la a iniciar a reforma no ramo masculino.

        Em um determinado momento da reforma iniciam-se as perseguições. João da Cruz é o que mais sofre com elas, sendo até mesmo preso por duas vezes. Sem dúvidas foi o momento mais doloroso de sua vida mas ao mesmo tempo mais rico e precioso.

        Na prisão, sem luz, sem diálogo, no abandono da parte dos irmãos, na privação da Eucaristia, faz a esperiência concreta do "nada" que o acompanhou a vida toda. transformou seu momento doloroso em uma profunda experiência religiosa. Privado de tudo, de toda espécie de consolo material, humano ou espiritual ele se une a Deus num amor verdadeiramente puro.

        Sua doutrina e mística retratadas em suas obras “A Subida ao Carmelo”, “A Noite Escura da Alma”, “Cântico Espiritual”, “A Viva Chama de Amor” e “Os Espinhos do Espírito”, é uma interpretação viva do Evangelho, por isso a Palavra de Deus ilumina a sua esperiência e seus ensinamentos têm alcance inimagináveis na meditação desta Palavra. Santa Teresa de Jesus o considerava “uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja. Nosso Senhor lhe infundiu grandes riquezas da sabedoria celestial. Mesmo pequeno ele é grande aos olhos de Deus. Não há frade que não fale bem dele, porque tem sido sua vida uma grande penitência”.

        É místico, filósofo, teólogo, escritor, poeta e doutor da Igreja. Define o amor como trabalhar em despojar-se  por Deus de tudo que não é Deus.

 

“Para vires a saborear TUDO, não queiras ter gosto em NADA…”
Para saborearmos a Deus, o Tudo, é preciso nos desapegar de todos os nossos gostos, de todos os nosso gozos, mesmo os espirituais, para que reste apenas Ele, o Absoluto, o Tudo.