Nome

        Recebem o nome de Carmelitas devido ao Monte Carmelo, situado na Palestina, junto do Mediterrâneo e da Baía de Haifa. Foi aí que viveram os primeiros monges, junto da fonte de Elias.

 

Origem

        Quanto à data do início da Ordem Carmelita, não há certezas. É um ponto de discussão que se tornou clássico na história da Igreja, por isso difícil de precisar. De um lado, aparecem lendas piedosas sem qualquer valor histórico; por outro, há uma grande quantidade de documentos, fruto da pesquisa dos historiadores do séc. XX, que provocaram um renascimento da história da Ordem. Há, no entanto, dois fenomenos marcantes no séc. XI e XII que interessam para a história da Ordem:

  • Ressurgimento da vida eremítica;
  • As peregrinações maciças à Terra Santa, conhecidas como Cruzadas.

        Contudo, podemos destacar algumas datas para a origem da Ordem Carmelita: entre 1153 e 1159, Bertoldo, por inspiração do profeta Elias, dirige-se para o Monte Carmelo, com o auxílio do seu primo, Patriarca D. Aimerico de Antioquia, constrói uma pequena capela perto da gruta de Elias. Aos poucos, cresce o número de eremitas e se espalham por todo o Monte, vivendo separados uns dos outros em pequenas cavernas, procurando imitar Elias. Provavelmente em 1209, Alberto, Patriarca de Jerusalém, dá-lhes uma forma de viver concreta, escrita (Regra), e reune-os perto da fonte de Elias, modelo e Pai Espiritual.

 

História

        Com a Regra consedida por Alberto de Jerusalém, os Carmelitas receberam a sua existência canónica, ou seja, uma codificação da vida que os Carmelitas já levavam no Monte Carmelo. Isto se fundamenta nas palavras de sua irndrodução: "...visto que nos pedis uma Norma de Vida que corresponda à vossa aspiração..."

          É necessário lembrar que este processo não foi fácil. Quando, em 1215, o Concílio de Latrão proibia o estabelecimento de novas Ordens Religiosas, vários prelados da Terra Santa começaram a contestar o direito de existência aos Carmelitas, visto eles não terem ainda aprovação pontifícia. Com isso, os Carmelitas tivessem de recorrer a Roma. Com insistência chega, finalmente, a aprovação dada pelo Papa Honório IV, em 30 de Janeiro de 1216, com a Bula Ut vivendi norman: "Mandamos, a vós e aos vossos sucessores, que observeis em remissão dos vossos pecados, na medida do possível, a Regra que vos foi dada pelo Patriarca de Jerusalém, de santa memória, pois que humildemente afirmais tê-la recebido antes do Concílio Geral".

          A primeira emigração para Europa fez-se entre 1226 e 1229. As primeiras fundações na Europa mostram-nos claramente a intenção dos eremitas refugiados continuarem a vida solitária e contemplativa. São prova disso os conventos de Aygalades, perto de Marselha, Aylesford e Cambridge, que eram verdadeiros eremitérios construídos segundo a Regra de Santo Alberto. Esta primeira vinda para a Europa foi quase uma aventura, mas torna-se obrigatória, em 1237, devido às perseguições dos Islamitas. Todos os eremitas europeus recebem ordem de regressar aos seus países de origem. Este êxodo foi providencial, pois, em 1291, os Religiosos que continuaram no Monte Carmelo foram todos massacrados. A Ordem Carmelita salvou-se porque já tinha criado raízes na Europa.

        A adaptação à Europa não foi fácil, pois, na Europa a vida tinha outras exigências que não tinha a vida eremítica. Em 1229, o Papa Gregório IX obriga-os a uma pobreza mais estrita, equiparando-os às Ordens Mendicantes: tinham que procurar o seu sustento numa vida mais ativa. Todavia, eram proibidos por muitos Bispos de viverem nas cidades, em sítios ermos, conforme mandava a Regra. Foi nestas circunstâncias difíceis que se celebrou o primeiro Capítulo Geral, em Aylesford, em 1245, sendo eleito Prior Geral Simão Stock, a quem Nossa senhora entregou o Escapulário do Carmo. Este, vendo as dificuldades, pediu ao Papa a adaptação da Regra às novas situações. Esta adaptação foi-lhe concedida pelo Papa Inocêncio IV, em 1 de Outubro de 1247, mediante a Bula Quae honorem conditoris. Mediante a adaptação da Regra à nova situação, iniciou-se uma nova vida na Ordem Carmelita. A exemplo das outras Ordens Mendicantes, Simão Stock fundou conventos nas cidades universitárias: Cambridge, 1249; Oxford, 1253; Paris, 1259; Bolonha, 1260. Como já dissemos, além de que a adaptação à nova vida na Europa não foi fácil, por um lado, as pessoas não os acolhem bem, pensando que são mais uns tantos que vêm viver à custa das suas esmolas. Com isso, os próprios eremitas têm dificuldade em se adaptar à nova situação. O Geral de então, Nicolau, o Francês, sucessor de Simão Stock, tentou destruir a obra do seu antecessor. Mas, ao sentir oposição, demitiu-se e resolveu retirar-se para a solidão, onde escreveu a célebre Sagitta Ignea, em 1272. Aí descreve as suas desilusões e convida todos a regressarem novamente à vida contemplativa na solidão dos eremitérios. Como em outras Ordens, também na Carmelita houve Reformas. Há duas mais importantes: no séc. XV, após o Cisma do Ocidente; no séc. XVI, após o Concílio de Trento. Desta segunda Reforma surgiram os hoje chamados "Carmelitas Descalços".

Frei António de Jesus Lourenço, O. Carm

 

Carmelitas Descalços/Teresianos

           Entre tentativas de reforma na Ordem do Carmo, na cidade espanhola de Ávila do século XVI, Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, dois grandes místicos da Igreja  reformularam e atualizaram a vivência dos carmelitas. Pode-se dizer que é uma refundação que dá uma forma renovada à vida religiosa carmlita. Permanecendo fiéis às origens, os carmelitas teresianos tem a gloriosa Virgem Maria como Mãe e Padroeira, “vendo em sua vida interior e união ao mistério de Cristo um modelo admirável de nossa consagração”. Cultuam também o profeta Elias como nosso inspirador, o profeta de fogo que “contempla o Deus vivo e se abrasa de zelo por sua glória e consideramos seu carisma profético como ideal de nosso chamado à escuta e à proclamação da Palavra de Deus” (Const. 2). Atualmente a Ordem está espalhada no mundo todo.
                    

No sul do Brasil

         Nesta religião, celebramos o Centenário da chegada dos primeiros carmelitas no ano de 2011.